🧭 Side Quests: tarefas paralelas que podem impulsionar o seu projeto

Se você já jogou qualquer RPG ou sandbox com mundo aberto — de Skyrim a The Witcher 3, passando por Zelda: Breath of the Wild — sabe que é quase impossível seguir direto na missão principal. Você jura que vai salvar o mundo, mas aí aparece um NPC pedindo ajuda para achar uma galinha perdida.

Cinco horas depois, você ainda não encontrou a galinha, mas já aumentou seu nível, conseguiu poções novas e desbloqueou um mapa secreto.

No mundo do desenvolvimento de jogos e gestão de projetos, acontece a mesma coisa. Essas são as famosas side quests da produtividade: tarefas paralelas que parecem pequenas ou até triviais, mas que, quando bem aproveitadas, aceleram e fortalecem a jornada rumo ao objetivo final.

Todo projeto tem uma Main Quest clara:

1. Entregar um jogo jogável, divertido e otimizado.
2. Lançar um protótipo funcional para validar no mercado.
3. Concluir um sprint com features prontas.

Só que o caminho até lá está cheio de side quests. São aquelas tarefas menores, muitas vezes vistas como “menos prioritárias”, mas que acabam trazendo valor oculto. Exemplos clássicos:

1. Escrever documentação básica.
2. Melhorar o fluxo de commits no Git.
3. Automatizar um script chato que todo mundo repete.
4. Revisar uma ferramenta de design que o time não domina bem.
5. Ajustar a comunicação interna para evitar ruídos.

Na hora, parece que você está desviando do foco. Mas, igual no RPG, essas missões extras te dão XP, itens e vantagens estratégicas.

1. Ganhar XP invisível
   Cada pequena tarefa acumula conhecimento. É como farmar goblins: não é épico, mas prepara você para quando aparecer o dragão (o bug crítico).
2. Loot inesperado
   Você resolve um “detalhe técnico” e, de repente, descobre uma forma de otimizar todo o processo. Side quests frequentemente escondem baús de loot que ninguém esperava.
3. Treinamento para o Boss Final
   Ajustar uma ferramenta, testar um fluxo, brincar com protótipos: tudo isso é treino para quando a Main Quest apertar. O time já estará mais ágil e preparado.

Automatização de builds: parece uma tarefa chata e opcional, mas de repente economiza horas de trabalho repetitivo em cada sprint. Criar guias internos: documentar o processo de configuração pode salvar o próximo dev de 3 dias de frustração. Explorar uma nova engine ou plugin: não é prioridade agora, mas pode virar a chave para a próxima entrega. Refatorar um código pequeno: não muda o produto final hoje, mas evita bugs gigantes amanhã. Essas tarefas são os “Easter Eggs” do desenvolvimento: você só descobre o valor quando resolve se desviar um pouco do caminho.

Claro, nem tudo são flores. Quem nunca caiu na armadilha de ficar 100 horas fazendo side quests e esquecer da missão principal? Na gestão de projetos, isso acontece quando: O time gasta energia demais em tarefas periféricas sem medir impacto. O backlog fica cheio de itens “legais de ter” e esquece os “necessários para ontem”. A equipe confunde melhoria contínua com procrastinação disfarçada. Por isso, toda side quest precisa responder a uma pergunta-chave:

Essa tarefa ajuda minha party a estar mais forte para a Main Quest?

Se a resposta for “não”, talvez seja só perda de tempo farmando XP sem necessidade.

1. Defina prioridades (main quest primeiro!)
   O backlog é como o diário de missões do jogo: precisa estar organizado para ninguém se perder em side quests infinitas.
2. Alinhe o propósito
   Antes de começar uma side quest, pergunte: qual o ganho esperado? Vai trazer XP, loot ou treino útil?
3. Timeboxing
   Defina limites de tempo. Side quests não podem virar MMORPG sem fim. Uma regra simples é dedicar uma parte controlada do sprint a melhorias menores.
4. Compartilhe o loot
   Terminou uma side quest? Mostre o resultado para o time. A ideia é que todos aproveitem a melhoria — seja um script, um atalho ou uma lição aprendida.

Documentar código = escrever o grimório do mago 🧙‍♂️📖

Organizar repositório = arrumar o inventário 🎒

Melhorar pipeline de CI/CD = desbloquear viagem rápida entre cidades 🗺️⚡

Criar um protótipo interno = treinar em arena antes da raid principal 🏟️

Essas tarefas podem parecer pequenas, mas fazem toda a diferença quando o boss final aparece.

No mundo do game dev, side quests podem ser ainda mais poderosas: Um dev testa shaders por curiosidade → nasce um efeito gráfico que vira identidade do jogo. Um designer cria uma animação de teste → vira o meme viral que ajuda na divulgação. Um programador automatiza playtests internos → economiza dias de QA. Ou seja: as maiores inovações muitas vezes surgem das “tarefas paralelas”.

No RPG da produtividade, não existe vitória só na Main Quest.
As side quests são aquelas missões secundárias que fortalecem a equipe, destravam soluções criativas e criam atalhos inesperados.

O segredo é não se perder: nem ignorar totalmente essas pequenas missões, nem deixar que elas dominem o jogo.

Afinal, o time que sabe equilibrar Main Quest e Side Quests não só chega mais longe, como chega mais forte.

E aí, qual foi a side quest mais improvável que já salvou seu projeto?
Conta aí nos comentários — quem sabe a gente não descobre o próximo “baú de loot” da gestão de projetos!